Marta aproximou- se de mim e perguntou:
- Poderia dar- me um teste para eu saber a quantas anda o meu cristianismo?
Pensei alguns instantes e respondi:
- O teste de um bom cristão? Quando a sua vida cabe inteira dentro do Pai- Nosso!
Marta afastou-se, sacudindo a cabeça como quem não entendeu ... Duas horas depois, telefonou :
- Sabe, padre... caí espectacularmente naquele teste. A minha vida não cabe ainda dentro do Pai- Nosso. Custa-me perdoar quando me ofendem e marginalizam. Passo a vida a tentar trazer a vontade do Pai, para as caixas de fósforos das minhas vontadezinhas egoístas. Rezo diariamente “Venha a nós o Vosso Reino”; rezo mas não cumpro, porque penso demais na construção do meu reino, do meu sucesso, dos meus programas. Definitivamente, caí no teste ...
Aquele telefonema sacudiu-me nas estruturas. Fiz uma revisão do meu presente e do meu passado. As minhas atitudes, gestos e pensamentos, os meus diálogos, o meu convívio, a minha vivência comunitária. E terminei na capela, diante do crucifixo, batendo no peito, pedindo perdão:
- Senhor, a Marta acordou-me. Dei-lhe um teste e o teste veio de ricochete, atingindo-me também em cheio. Vivo e empilhar preces de mentira. Recito com os lábios e desminto na prática. Perdoa as minhas incoerências. Com a Tua graça Senhor, quero recomeçar, rezando e vivendo o meu Pai Nosso de cada dia ...
Ao cair da tarde, fui eu quem telefonou à Marta:
- Fiz igualmente o meu exame de consciência. Se isso é consolo para ti, caí no teste também. Os meus naufrágios coincidem praticamente com os teus.
Senti um ligeiro rumor de surpresa, do outro lado do fio. Meio séria, meio a brincar, a Marta disse:
- Somos, portanto, dois a necessitar de conversão!
28.5.08
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