Que estranho pensar que, antes da semana começar, chegámos mesmo a hesitar no que toca a vir. Depois de tantos campos e caminhadas e, claro, anos de convívios, torna-se difícil encontrar algo de novo, algo que nos surpreenda. Como sempre queremos mais e mais e até estávamos receptivos, mas tínhamos deixado de acreditar no poder mágico dos campos. Quando soubemos que, para ajudar à história, éramos cerca de 150, começámos mesmo a recear o rumo que estes dias poderiam tomar. Agora que se aproxima o fim, sentimos já em nós um aperto, uma sensação quase sufocante de tanta nostalgia que nos invade ao olhar para trás para todos os momentos únicos e irrepetíveis que aqui vivemos. Momentos esses que temos o enorme gosto de reviver e partilhar convosco pois dão sentido aos anos que passámos em Cristo-Rei.
Tudo começou no ano lectivo de ‘99/2000, quando os convívios de braços bem abertos e com as mãos em forma de concha nos receberam. Nem imaginavam que aqueles miúdos de 12 anos que ali entravam ficariam tantos anos e todos eles tão bons.Quem esquece a primeira caminhada a Fátima com a emoção da primeira vez e o choque de ver a tia Isabel a entrar na sala numa jaula improvisada imitando o Macaco Adriano? Sim… isso aconteceu! Caminhada essa cujo hino foi o tão famoso “Bi-te, Fixei-te”.
E o primeiro campo? A curiosidade sobre o que aí viria, sobre o que os mais velhos contavam com tanto gosto e entusiasmo. E eis que chega o dia da partida para uma “semana diferente com muito sol e sem muita lei”. As camaratas e os banhos frios tomados “bárias bezes” nos lava-pés de Lagares, fizeram-nos perceber que nos tínhamos “enganado redondamente, estávamos nos campos de Cristo-Rei”. E o acordar de manhã prontos a manter a forma ao ritmo da ginástica, com o bichinho de ir ver em que pé estávamos na gincana de pontos?Também ninguém esquece os momentos de galhofa ao som de “she” ou ao ver o Pestanóide a dançar de maneira duvidosa ou mesmo a emoção de “sentar a bundinha para ver a novelinha”.A sensação de água na boca tinha apenas aguçado o nosso apetite e foi ao som de uma Madalena fustigada que se aprendia com Zaqueu que o nosso caminho se fazia de encontros. Assim foi Fátima 2001.
Foi em Cortegaça que todos ficámos a saber que a viola do Marchand só tinha 5 cordas (hoje já só tem 3) e que o Andy apenas usufruía de meio neurónio. E de quem é a Amália? Quem sabe melhor do que nós que “o inesperado acontece” mesmo quando se parte um vidro do carro do Frei Miguel. A animação da criatividade e do primeiro Cluedo alternavam com a tristeza da despedida do Frei António Pinto. E foi com a nossa fotografia de Deus – tirada num momento paparazzi – que partimos para um novo ano, sendo a consciência o tema da caminhada. Foi como recrutas que chegámos a S.Torcato prontos a sermos rangers seguindo pistas, usando os dons de Deus, que descobrimos que Olivença é nossa!!!Ano novo, caminhada nova e eis que nos vimos em Santiago gozando um momento “quatro horas debaixo da figueira” ao baloiçar do grande bota-fumeiro entre aromas de incenso que só se oferecem aos deuses. Também por isso rezámos a Via Sacra, pedindo que não fossemos os únicos a viver um momento destes.
A praia Sweet de Neiva deu palco a outros campos. Com um brilhozinho nos olhos tornámo-nos cavaleiros depois de um difícil inicio – mas froda-se! Karga nisso!”. Na última missa com um fantástico pôr-do-sol como cenário, pedíamos a Deus que acompanhasse e protegesse o Frei Miguel na sua nova missão em Lisboa.Foram 11 macacos num elevador que rezaram ao Espírito Santo com o Frei Zé Manel na caminhada menos concorrida de sempre – Fátima 2004. Foi armados que entrámos na Gafanha para o primeiro de 3 anos fantásticos que se seguiriam. Com o entusiasmo do correio a chegar e com a emoção do primeiro teatro dos pais, saímos deste campo com o medo reduzido a pó e com vontade de sermos transparentes pensando sempre no desafio que no fim foi lançado – E agora?Nem o terrível mau tempo da segunda caminhada a Santiago nos fez parar ainda que inchássemos de alergia – não é tia Páti? Foi com um tecto de estrelas que percorremos a Via Lucis, uma luz inovadora que encerrou a caminhada. Mas já alguma vez teríamos mesmo parado para ouvir o silêncio? Foi preciso descobrir o Deus dos sentidos para conhecermos todos os mistérios e conseguirmos compreender a Balsa da Medusa mesmo quando esta foi fruto da insanidade dos animadores. Tudo isto foi sendo registado no Diário de Bordo entre as ilhas de Mão-da-Gáscar e as gargalhadas com o Pingú. Também ninguém se esquece da chuvada que se fez sentir e adiou a celebração de fogo. Mesmo feita um dia mais tarde, S. Pedro ajudou no apagar das chamas que subiam mais alto, mais alto.Com a recta final deste caminho a aproximar-se aprendemos a ser mais felizes e firmes como a Pedra da Senhora da Lapa.
Assim, sentimo-nos prontos para fazer o Crisma! Muitas peripécias vivemos ao longo destes anos em Cristo Rei. Muito aprendemos, crescemos e convivemos. E agora que chegou o nosso último ano, chega também a hora de dizer adeus a todas estas aventuras mas será apenas o fim do inicio! O inicio de uma caminhada para a qual recebemos toda esta preciosa preparação e para a qual esperamos estar à altura como bons peregrinos. Porque de nada valeriam os anos que por aqui passamos se não déssemos continuação aos ensinamentos transformando-os em exemplos vivos, teríamos apenas feito uma travessia num deserto infértil. No nosso horizonte desejamos que tudo o que aqui preparámos e construímos se venha a reflectir em todos os momentos da nossa vida!E porque é graças a todos os animadores que aqui estão, e que nos viram crescer, que nós cá estamos, queremos agradecer-vos do fundo do coração, pedir-vos desculpa por qualquer coisinha e que não parem, porque a vida também não vai parar e porque todos têm TUDO a dar!
Grupo Crisma 2006

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